09/10/2008

O Banqueiro dos Pobres - Premio Nobel da Paz - Simples Assim.

MUHAMMAD YUNNUS, Prémio Nobel da Paz 2006. Conhecido como “o banqueiro dos pobres”, o economista bengalês foi o criador do conceito de microcrédito quando fundou, em 1976, um pequeno banco que se propunha a oferecer acesso ao crédito para os mais pobres, o banco Grameen
''Entre Aspas''
''Ele começou emprestando apenas US$27 a 42 pessoas, simples assim. Imagina com um PIB de R$40.000 per capita, com R$ 5 bilhões de royalties que a cidade de Campos recebe.''
-Como surgiu a ideia de emprestar dinheiro aos menos privilegiados?
''Muhammad Yunnus - Surgiu das condições extremas que enfrentávamos em Bangladesh no início dos anos 70. Tínhamos a fome no país e eu estava me sentindo inútil por não poder fazer nada pelas pessoas que estavam sofrendo. Então, tentei ajudar as pessoas na vila próxima ao campus da universidade onde eu lecionava. Fiz várias pequenas coisas, e vi agiotas usando essas pessoas pobres para enriquecer. Pensei que se eu mesmo desse o dinheiro - em vez dos agiotas - e não impusesse condições tão difíceis, resolveria o problema. Então, emprestei US$27 a 42 pessoas e todos ficaram animados. Quis promover o contato dessas pessoas com o banco que ficava no campus. O campus disse que não podia fazer isso. Depois de muita insistência, a única solução que encontrei foi me oferecer para ser o fiador. Eu disse: “Eu assino os seus papéis, vocês dão o dinheiro e eu assumo a responsabilidade. Eu assumo o risco.” Assim começou e deu certo. Nós ficamos felizes por ter funcionado e continuamos a expandir. Isso cresceu até se tornar o que chamamos agora de microcrédito. Criamos um banco, o Banco Grameen, que significa “Banco da Vila” e expandimos para toda Bangladesh.''
Simples Assim.
-E é preciso ter taxas baixas de juros?
''Não necessariamente. Nós não falamos sobre juros baixos, nós dizemos que tem que ser sustentável, para que você possa cobrir seus custos. Mas nós também queremos que você não use as pessoas pobres para ficar rico. Então, você não faz muito lucro, tenta manter o dinheiro com as pessoas pobres o máximo que puder. Mas, ao mesmo tempo, você recupera seu investimento. Você não subsidia nada.''

Caridade e Negocios.
-Aqui no Brasil temos um programa federal que empresta dinheiro para pessoas pobres, que se chama Bolsa Família. Cerca de 11 milhões de famílias recebem esse dinheiro no Brasil. O ato de emprestar dinheiro é diferente de dar o dinheiro?
Estamos falando de negócios e de caridade. Caridade é uma coisa importante e não estou minimizando a importância da caridade, mas ela faz com que as pessoas fiquem dependentes dela. Você não utiliza a sua energia, você apenas espera as coisas que serão dadas. Então, você fica dependente daquele que está te alimentando. Mas se esses US$ 100 forem emprestados, então fica a responsabilidade de usar esse dinheiro para ganhar mais, pagar o empréstimo e ainda ter algo pra você. Isso faz toda a diferença. A energia sai, a pessoa se descobre.
(trechos retirados da intrevista do blog Cidades e Soluções)

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