06/08/2010

Geração come pão do lixo


Qualquer filme de Alfred Hitchcock é menos aterrorizante que a realidade em que estamos.
 Onde sub-celebridades, leia-se ex-bbbs; Sub-bandas, leia-se coloridos; sub-vampiros, leia-se Crepúsculo; servem de tema para sub"famosos", leia-se vlogs. Estes que por sua vez são seguidos por uma sub ''geração'', leia-se emos.

Os pensamentos são resumidos em frases de 140 caracteres, geralmente engraçadas e sem efeito.  Pensar para falar é ultrapassado. A moda é falar no ritmo frenético de um repentista, mesmo ainda que sem rimas e sem conteúdo. Afinal para que mais serve o pensar, já que temos o ''Google responde''.

Nada se produz de novo, tudo segue a mesma velha formula de sucesso.  Tudo é bom o bastante, desde que venda. Nem mesmo a conta desta formula tem algo de complexo, é simples, se o lixo vende reciclamos o lixo até a exaustão. Que mal tem se pagamos a conta e somos considerados um lixo? Nessa linha o lixo vira tendência, moda, torna-se Cult, cria escola e vira qualquer coisa mais que o dinheiro conseguir transformar.

Se as notas não são fáceis, não servem para essa interpretação instantânea e acomodada. Agora são os ritmos e as rimas fáceis que fazem a alegria geral da nação, eles ecoam no vazio das mentes. E se reproduzem como praga no jardim de notas repetidas.
 Nada mais surge sem ter antes um exército por trás, maquinando como lucrar com essa brecha aberta pela sorte. Trabalhando incessantemente para aproveitar os minutos escassos dessa obsolescência programada. As estratégias, acordos e encenações são as mais mirabolantes possíveis, a fim de manter a apática platéia hipnotizada.

"Penso logo existo" ganhou uma nova versão: "Apareço logo insisto".
 As redes sociais são os melhores amigos de qualquer um. É confortável falar para todos e para ninguém ao mesmo tempo. Reproduzir é palavra de ordem.
 
No caminho largo segue a manada feliz e vendida, cantando em coro as mesmas canções, reproduzindo em sintonia as mesmas mensagens sem sentido. 
No caminho estreito seguem os que insistem em fazer diferente, os que fogem da inércia, que movem o que resta desse velho mundo novo. Sem definir se feliz ou triste em saber que a unanimidade é burra e esta na “moda”.

Siga, espere, ou fuja, antes que criem o sistema de cotas para o terceiro sexo, antes que seja proibido pensar e obrigatório ouvi esse novo estilo musical, MPBosta.

2 comentários:

Adriano disse...

Eu ri para não chorar. O texto é uma boa leitura nessa falta de pensamentos. Infelizmente tenho que concordar com as verdades apontadas. Abraço!

Pedro (D)KabraL disse...

Muito bom o texto.